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sábado, 30 de dezembro de 2017

O Jogador

Obra: O Jogador

Autor: Fiódor Dostoievski

Páginas:215

Resumo:
 Esta obra-prima da literatura é iniciada com a informação de que o narrador era um soldado muito próximo do general. Este dá-lhe dinheiro para ele jogar na roleta. Mais tarde, uma paixão incerta do narrador, Paulina, diz-lhe a mesma coisa: que este devia ir jogar na roleta. O narrador decide ir e, após analisar todo o ambiente que o rodeava, começou a jogar. Ganhou algum dinheiro que deu a Paulina. Esta decide ficar com metade e dá a outra metade ao narrador para este continuar a apostar.
 Paulina começou a ignorar o narrador e, durante esse tempo, este ouviu o general a divagar sobre o seu interesse na Mademoiselle Blanche. Paulina voltou a contactar o narrador para este ir jogar e este aceita, com a condição de não ficar com nenhum do dinheiro. Nessa noite, o narrador perde todo o dinheiro e o general fica desconfiado sobre de quem era o dinheiro.
 Paulina e o narrador têm uma longa discussão sobre o motivo para o narrador estar também interessado em fazer dinheiro. Alexis Ivanovitch, o nosso narrador, passa um momento embaraçoso no qual se depara com um alemão e, sem saber o que dizer apenas responde "Com certeza", até à pergunta "Está louco?". O general decide repreender Alexis e aconselha-o a afastar-se do jogo, despedindo-o ainda e obrigando-o a mudar de residência. Este ignora e sai do local. Alexis encontra o inglês Mr.Astley e os dois conversam sobre Paulina. Mr.Astley conta ainda alguns segredos obscuros sobre o general e Mademoiselle Blanche, o que deixa o narrador inquieto, principalmente ao saber que Paulina, a Mademoiselle e o General  esperavam a morte da avó de Paulina e do general para ficarem com a herança. Alexis conta a história à avó do general e esta decide aparecer de surpresa. O general e Paulina ficam surpreendidos mas procuram mostra-se contentes pela visita. A avó insiste em visitar a cidade e todos decidem ir com ela. A avó insiste para que Alexis a leve a um casino e este obedece. Neste, a avó decide apostar fervorosamente nos que ela achava irem sair, por mais ilógico que fossem, e acabou por sair com muito mais dinheiro. A avó regressa ao apartamento e conta a notícia a todos os presentes, repartindo algum dinheiro por cada.
 A avó obriga Alexis a regressar novamente ao casino e volta a jogar, desta vez perdendo todo o dinheiro. A avó prepara-se para partir mas, ao sair de junto do grupo, confessa ao narrador que ainda iria jogar mais. Alexis afirma que não a vai acompanhar por não querer ser cúmplice da ruína da senhora. Esta fica sete horas a jogar e acaba por perder toda a sua fortuna e as suas ações. A avó parte de vez para sua casa. O general visita o narrador com ar aflito porque a Mademoiselle Blanche o tinha abandonado agora que ele não tinha a herança. Pelos mesmos motivos, Paulina, que era enteada do general, diz a Alexis que o francês que estava interessado nela tinha partido, afirmando que ela tinha uma grande dívida para com ele. Paulina declara o seu amor ao narrador e este corre para o casino onde fica a noite inteira e consegue ganhar bastante dinheiro. Chega a casa e dá o dinheiro a Paulina, que entra num estado de delírio e repreende Alexis por a querer comprar. A Mademoiselle Blanche ouve a notícia sobre a riqueza de Alexis e manda-o chamar. Avisa que os dois iriam para Paris para gastar o dinheiro que o narrador tinha ganho. Este aceita e os dois partem. O dinheiro começa a desaparecer e o narrador não se mostra interessado em guardar nem poupar em despesas por não ter grande interesse neste. O dinheiro praticamente acaba e Mademoiselle Blanche e Alexis regressam ao local anterior. A Mademoiselle passa mais tempo com o general, por este começar a ter mais dinheiro, e continua a obrigar Alexis a manter uma relação com o general sem este suspeitar do romance entre os dois.
 Alexis inicia uma viagem por todo o país e acaba por encontrar Mr.Astley, que o repreende por ter abandonado Paulina que tanto o amava. Alexis sente-se ressentido e volta ao casino onde perde todo o dinheiro.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

Cenas da Foz


Obra: Cenas da Foz

Autor: Camilo Castelo Branco

Páginas: 245

Resumo:
Livro Primeiro
A obra é iniciada quando o narrador recebe a visita de uma amigo de longa data que lhe desabafa a perda crescente de dinheiro que tem sofrido por ser viciado no jogo. Bento de Castro, o amigo do narrador, decide-se então a casar com uma mulher rica para endireitar a sua vida e o narrador aconselha-lhe a filha dos seus vizinhos. Após ver a jovem na janela, Bento de Castro concorda e os dois escrevem uma carta amorosa. Através da janela e com a ajuda do narrador, Bento de Castro é convidado pela jovem a conversarem durante uns minutos. O narrador foi no lugar dele, apaixonou-se por outra jovem e ouviu o pedido da jovem para este entrar na casa dela durante um jogo. Este aceita e tem uma breve conversa com a jovem onde admite nunca ter amado (o que fez a jovem ficar mais interessada nele). Os dois discutem sobre alegoria e o narrador, João Júnior, lê-lhe os poemas que tinha escrito para ela. A jovem fica fascinada mas os dois são interrompidos por convidados. Na noite seguinte, João estava à beira-mar a escrever uns versos quando a jovem chega junto dele. Os dois conversam e a jovem pede-lhe para lhe dedicar os versos escritos à beira-mar.
 João Júnior toma Bento de Castro como seu rival e, quando encontra este pelas ruas, É confrontado com a informação de que este usava os seus versos para conquistar outras donzelas. Mesmo assim João decide ajudar o amigo a conquistar a sua donzela. Ben tovai pedir a mão da sua donzela ao pai e este acaba por aceitar. Bento parte assim com a família da noiva até ao casamento e manda cartas ao amigo onde exprime as torturas e humilhações por que passa com aquela família. Bento decide sair daquele lugar por uns tempos e, quando se descobre que a noiva estava grávida, o pai da noiva chama João para avisar Bento de que deveria desposar a filha imediatamente. No dia do parto nasce um menino moreno, sinal de que o filho era do amante da jovem. Bento e João partem do local e o pai da criança nunca mais é encontrado. A jovem casa-se com um homem poderoso.

Livro Segundo
 O narrador passeia pela rua e recorda-se da mulher que captou o seu olhar desde a primeira vez e que por vezes ainda avista pelas ruas. Enquanto ele tocava numa sessão de fado, encontra novamente a mulher misteriosa mas esta parte antes que ele possa fazer algo. No dia seguinte ele decide visitar uma quinta onde sabia que ela estaria por ser a proprietária mas uma senhora avisa-o de que ela nunca saía de casa. Numa noite ele passava por perto quando encontrou  três ladrões. Ao contar a história à dona da quinta, esta fecha a porta da quinta para que este não pudesse mais entrar de noite. O narrador regressa à quinta e avista a senhora pela janela. Esta reconhece-o como o homem da noite passada e, quando este a interroga sobre a razão por ter fechado o portão ela responde que foi para evitar que caseiros o vissem e achassem algo de mal. O narrador decide declarar o seu amor pela senhora e esta apenas lhe responde que este não a conhece. O narrador decide relembrar a noite em que a senhora ouvia os versos dele serem tocados em fado mas esta pede-lhe para não a importunar mais com ideias de amores e pede-lhe para serem apenas amigos.
 A senhora começa a narrar um conto sobre o amor de Leocádia ( que na verdade era ela) e Vasco que foi descoberto pelo pai dela. O O pai perdoa a filha e decide convidar o genro para assim este ficar a saber que tem o apoio do pai da sua amada. No encontro entre os dois, o pai de Leocádia conta a história de vida da filha, com a perda da sua mãe, e pede ao genro que o ajude a guiar Leocádia pelo caminho que o pai lhe escolheu. Após sair da conversa, Vasco encontra uma carta da sua amada onde esta expõe que o plano do pai é casá-la com o filho da madrasta e que o melhor seria os dois fugirem. Vasco pena bastante no assunto mas acaba por escrever uma carta à amante onde admite ser impossível o pedido dela já que ele não os conseguiria sustentar aos dois. Vasco confessa a sua dor à mãe e esta promete ir a casa de Leocádia com ele à noite para ajudar esta a fugir e ficarem na casa de Vasco.
 Leocádia preparava-se para executar o plano quando o pai lhe oferece um ramo de flores como oferta de paz e esta não resiste. Acaba perdoando o pai e conta-lhe o plano. O pai encontra a mãe de Vasco e este e esta convida-o para casa para poderem conversar. Nesta conversa a mãe manda Vasco para o quarto e os dois adultos ficam a conversar sozinhos. O pai de Leocádia realça o facto de o filho ter quebrado uma promessa e pede que nem Vasco nem a mãe se voltem a intrometer na vida da filha. A mãe de Vasco, por mais que lhe custe, é obrigada a aceitar. Dá-se o casamento de Leocádia e a partir daí a vida desta tornou-se um inferno. Leocádia passa a viver em constante vigilância tento apenas a sua criada para a confortar. O pai de Leocádia falece gravemente e, como último desejo, pede que a filha se entregue totalmente de corpo e alma àquele homem. Leocádia aceita contra a sua vontade e ouve a madrasta a culpá-la pela doença do pai. A história acaba e o narrador admite ter que partir. Leocádia insiste em ele ficar por não saber quando teria oportunidade de voltar a conversar com o seu amigo. Por fim, Leocádia conta como o seu esposo a abandonou, dizendo que a sua esposa tinha falecido. Leocádia foi então morar para aquela quinta onde, dias após o narrador ter ouvido a história, veio a falecer.

segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

O Príncipe do México


Obra: O Príncipe do México

Autora: Federica de Cesco

Páginas: 252

Resumo:
 Tecuichpo era filha do imperador Montezuma. Vivia em constante sofrimento com a preocupação pelo futuro do seu povo e por ter crescido sem a sua mãe que se acreditava ter sido envenenada. A princesa Papantzin, tia de Tecuichpo, tinha sido considerada morta enquanto pousava estática na sua cama mas dias mais tarde foi avistada pelas ruas e levada para casa. Proibiram qualquer visita à princesa e fecharam-na no quarto. Tecuichpo tentava sempre visitar a tia mas era impedida e por isso procurava dedicar-se aos seus estudos de astronomia, muito comuns entre os Astecas. Nessa noite, Tecuichpo decide pôr o seu plano em prática e, após ter avisado todos de que não se sentia bem, escalou as janelas até ao quarto da sua tia. Ao chegar a este encontrou a sua tia com o aspeto de um cadáver e com uma mensagem muito preocupante: Tecuichpo devia sair dali antes que homens com armaduras invadissem o local e destruíssem a tribo tal como na visão da tia.
 No dia seguinte, o imperador recebe a notícia de que uma multidão de homens com armaduras de ferro tinha chegado em navios gigantes, tal como na profecia da sua irmã. Tecuichpo pede ao pai para a deixar ver a tia e este aceita. Ao visitar a mulher doente, a princesa ouve que a sua felicidade irá durar pouco tempo e, quando tentava perceber o porquê, a sua tia morre. Guatemoc, sobrinho do imperador, regressa após uma longa viagem e afirma ter desistido de ser padre para ser guerreiro. Após receber algumas chicotadas, o seu pedido é aceite e no dia seguinte prepara-se para partir. Tecuichpo fica desolada por gostar da companhia do primo e este promete-lhe que, quando regressasse, se iria casar com ela, fazendo até um pacto de sangue para o comprovar. Ao saber que o primo chegaria depois de dois dias, Tecuichpo procurou escapar do palácio para se encontrar com ele. Ao chegar junto do primo contou-lhe sobre a morte da princesa e ouviu a história do estrangeiro que o seu primo tinha encontrado e ajudado a regressar ao seu grupo. Guatemoc chega à cidade do imperador após os dois dias, recebe uma corrente como agradecimento por ter lutado contra o Império Maia e pede a mão de Tecuichpo em casamento. O imperador fica surpreendido mas afirma que irá pensar no caso. Nesse dia ouve uma festa em nome de Guatemoc e no dia seguinte este e o imperador jogaram um jogo tradicional. Guatemoc vence o jogo e o imperador elege-o como espia para saber as intenções dos estrangeiros. Ao chegar ao local, Guatemoc é aprisionado junto com os seus guardas.
 O imperador, ao perceber que não tinha notícias do sobrinho à mais de 20 dias, decide casar a filha com o filho mais velho de outro homem poderoso devido ao benefício da união das duas famílias. Um monge, do lado dos espanhóis, fala com Guatemoc, já que os dois já se conheciam, e pediu-lhe que, em troca de ser libertado, fosse ao imperador e lhe dissesse que os estrangeiros vinham em paz. Guatemoc sabia ser mentira mas, ao saber que a sua amada prima se iria casar com outro, aceita. Tecuichpo casa-se contra a sua vontade e, mal consegue, procura fugir dali. Durante a tentativa, Tecuichpo encontra o pai do noivo. Ela considera ser o seu fim e aceita a morte que imaginava vir mas o seu sogro perdoa-a por admirar a sua coragem e deixa-a partir. Ao chegar junto de seu pai, Tecuichpo encontra-o furioso. A sua serva é lançada aos jaguares e ela é aprisionada numa cela imunda à espera de ser escrava do homem mais inferior do reino.
 Os espanhóis continuam a sua conquista por terras e, ao chegar perto do povo de Montezuma, recebe um enviado deste que pede que retomem a casa em troca de escravos. Estes não aceitam e o enviado decide juntar-se ao grupo estrangeiro. Para acalmar a fúria dos deuses e assim salvar a cidade, foram realizados sacrifícios humanos durante três dias e três noites. O imperador chama o seu sobrinho ao palácio já que este tinha regressado da sua missão. Guatemoc contou sobre a mensagem que os espanhóis tinham enviado e afirmou não acreditar na paz que estes prometiam. Guatemoc pretende ainda liderar o exército mas o imperador nega o pedido, afirmando querer paz. Quando os espanhóis chegaram junto do imperador, este deu-lhes abrigo, o que irritou Guatemoc. Cortez, líder dos espanhóis e Montezuma reúne-se em provado para conversar e o primeiro aproveitou para professar sobre a sua religião. O imperador responde que ambos podiam rezar aos seus deuses sem abandonar os antigos num clima de respeito mútuo. O imperador decide dar a sua filha enfraquecida a um dos generais espanhóis e o monge tenta impedir por não haver consentimento das duas partes mas não consegue. Guatemoc decide invadir o quarto do monge durante a noite para saber mais sobre a sua amada. Este obriga-o a prometer nunca atacar um espanhol em troca de informações sobre Tecuichpo e Guatemoc aceita. Guatemoc invade o quarto da Amanda onde se encontrava uma aia apenas mas percebe que não conseguiu ser discreto o suficiente. O prometido de Tecuichpo entra no quarto e procura confrontar Guatemoc mas este acaba por acidentalmente matá-lo, quebrando assim a sua promessa. O monge decidiu contar tudo a Cortez, após a descoberta do cadáver e este fica enfurecido, apenas salvando o monge por este ser um servidor de Deus.
 Guatemoc decide despedir-se da sua amada, deixando-a nas mãos de uma aia, para assim poder fugir dos homens brancos. Ela aceita com esforço e admite fazer de tudo para lutar contra o espírito maligno que cegou o seu pai. O imperador é convidado pelos espanhóis a residir com eles já que o palácio não era mais seguro e, após uma boa conversa por parte de Cortez, aceita. Tez manda chamar o governador da cidade, que ele considerava ser um traidor que queria matar o imperador e mata-o em praça pública. O imperador fica incomodado por tanta crueldade e por não poder fazer nada. Tecuichpo é reconhecida por espanhóis em praça pública e é levada para Cortez. A princesa apenas afirma que o seu primo não o tinha feito de propósito e recusa-se a responder sobre a estadia de Guatemoc. Para surpresa de todos, Cortez liberta-a e deixa-a regressar aos seus aposentos no palácio. Após alguns dias, Tecuichpo pede para ir à ilha onde se reza pelos antepassados e onde estava o seu amante. Os dois conversam e Guatemoc aconselha a sua amada a falar com o seu ex-sogro que, para manter o seu trono sem o domínio espanhol, a iria ajudar. Esta concorda com o plano mas o homem em questão afirmou não confiar em Guatemoc e recusa o pedido de ajudar. Cortez teve conhecimento da traição e decidiu atacar o homem, fazendo com que este percebesse o seu erro. O imperador jura publicamente reverência ao rei de Espanha e a partir daí todos os povos ficam submissos a este.
 Cortez sai da cidade para ir buscar um exército enviado pelo rei de Espanha e demora vários dias. Durante este tempo, um sub-chefe governa o povo e, quando os nativos lhe pedem para realizar uma festividade, ele aceita. O monge vai falar com Tecuichpo e pede-lhe para iniciar uma rebelião antes que Cortez tenha chegado com o exército. Esta afirma que vai ponderar sobre o assunto. Durante a festividade, os espanhóis começam a matar os índios sem justificação e estes começam a fugir por todas as direções. Quando Cortez chega e ouve a notícia da carnificina, repreende o sub-chefe por os pôr em perigo. Os chefes espanhóis, o imperador e Tecuichpo ficaram sob ordens dentro do palácio, estando proibidos de sair, e Guatemoc aproveita para fazer ataques ao castelo, cortando o fornecimento de água a este. Os Astecas aproveitam para atacar os espanhóis, chegando a matar dezenas destes, mas mesmo assim os capitães sobreviveram. Seis meses depois Guatemoc foi coroado imperador pelos anciãos já que o anterior imperador tinha falecido. Os Astecas decidiram fazer furos nos diques para assim destruir os espanhóis e as riquezas a que estes aspiravam. Guardaram algumas jóias e procuraram abrigo.
 Os espanhóis decidem enviar o monge para procurar convencer Guatemoc a render-se para assim acabar com a morte do seu povo mas este recusa em nome da honra do povo. O último confronto entre os dois lados dá-se e Guatemoc, ao perceber a sua derrota, entrega-se a Cortez que lhe responde que Guatemoc e a sua esposa eram seus convidados e não prisioneiros. Guatemoc confessa ao monge que sabe que a sua terra foi destruída e colonizada mas que as raízes estão bem assentes na terra.

sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

Caim

Obra:Caim

Autor:José Saramago

Páginas:181

Resumo:
Esta obra é iniciada com a informação de que Deus concedeu o dom da fala a Adão e Eva. Os dois viveram no paraíso durante muitos anos, tendo visitas distantes de Deus. Certo dia Eva dá o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal a Adão e come ela também um. Com o susto do aparecimento de Deus, Adão fica com a maça engasgada e Deus, por não querer a existência de alguém com o mesmo conhecimento que ele, expulsa-os do Paraíso onde deveriam passar fome. Para se conseguirem alimentar, Eva tem a ideia de tentar conversar com o Querubim que guardava as portas do Paraíso Terrestre e este fica seduzido com o seu corpo, deixando-a por isso entrar. No dia seguinte o casal vai ter com o anjo, a pedido deste, e são informados de que não eram os únicos humanos na Terra e que deviam acender uma fogueira para que uns mercadores os vissem e os levassem para a civilização. Estes assim fizeram e, ao instalarem-se no meio do povo, começaram a trabalhar no campo. Tiveram dois filhos:primeiro Caim e depois Abel, que cresceram na modesta casa de campo. Certo dia, quando estes eram já adultos, realizaram um sacrifício a Deus. Caim sacrificou um monte de vegetais e Abel sacrificou animais. O fumo de Abel subiu aos céus, simbolizando que Deus o tinha aceite, mas o de Caim ficou baixo. Caim, por inveja, acaba por assassinar o seu irmão num bosque e recebe a visita de Deus. Caim demarca a culpa que Deus tinha em não ter impedido o crime e chegam a um acordo: Caim anda pela terra sem destino e sem que ninguém lhe possa fazer mal, desde que não faça mal a ninguém.
 Caim caminhou errante durante todo o dia e à noite encontrou abrigo numa casa abandonada. No dia seguinte retomou a sua caminhada e acaba por encontrar um idoso com quem estabelece uma discussão e que lhe diz que aquela é a terra dos errantes. Segue o conselho do velho e vai para a praça da vila. Nesta encontra um oleiro a quem pede trabalho. Este dá-lhe de comida e estadia e oferece-lhe um emprego como pisador de barro. Lilith, a dona daquele vilarejo, fica intrigada com Caim, que se apresentou sob o nome de Abel, e pela marca deste na testa. Lilith chama-o para o seu palácio, dá-lhe roupas novas e procura saber mais sobre a vida do homem. Lilith contrata Caim como porteiro do seu quarto e este acaba por se tornar o seu parceiro sexual. O marido de Lilith, Noah, não fica contente com o amante da esposa e procura enviar um escravo que o mate mas a espada que era suposto atingir Caim transformou-se em cobra. Lilith engravida de Caim e este decide que o melhor seria terminarem com a relação entre os dois. Caim parte da cidade com um jumento e comida e caminha sem destino. Acaba por descansar num local belo e florido até que ouve um homem a querer sacrificar o seu filho a Deus. Caim proíbe Abrãao de matar o seu filho e percebe que minutos mais tarde um anjo chegava para parar o sacrifício. Caim repreende o anjo pelo atraso mas este admite ter tido dificuldades numa das suas asas. Abrãao é repreendido pelo filho e, para se desculpar, afirma ter sido ideia de Deus. Caim acaba por adormecer e acorda numa zona deserta. Após caminhar um pouco, encontra um grupo de homens que corre desesperado, sem se compreender, e fica a conhecer a história da Torre de Babel.
 Caim continua a caminhada e volta a encontrar Abrãao mas desta vez numa situação diferente: o seu filho Isaac ainda não tinha nascido e Deus e dois anjos visitavam-no para informar que, após um ano iriam ter um filho. Deus prossegue com os seus companheiros para Sodoma e Gomorra, pronto para destruir a cidade. Abrãao e Caim decidem ir também para a cidade para saltar um familiar de Abrãao que sai da cidade a tempo. Quando o grupo ia no seu caminho, ouviram a explosão das duas cidades e choraram a morte das crianças inocentes. Caim separa-se do grupo e encontra uma multidão de pessoas que esperava ouvir o que Deus tinha dito a Moisés na montanha. Este chega e afirma que Deus lhe tinha comandado que os homens deviam matar irmãos, vizinhos e amigos em nome de Deus. Os que sobraram vivos foram instruídos por Moisés, em nome de Deus, a saquear cidades e a oferecer os bens que roubaram a Deus. Caim presenciou ainda a destruição das cidades de Jericó e Ai por parte dos israelitas. Josué pede auxilio para o seu povo, após a destruição dos israelitas e Deus responde que Josué e o seu povo devem responder com violência, destruindo tudo o que é impuro. Caim decide afastar-se de toda aquela morte e perde a destruição de muitas mais cidades por parte de Josué. Caim volta à cidade onde conheceu Lilith, após dez anos, e encontra-a viúva e com o filho dos dois.
 Caim conta-lhe tudo o que viu, questionando a sanidade mental de Deus, e os dois envolvem-se romanticamente. Após algumas semanas, Caim volta a deixar a cidade e continua a sua jornada. Encontra outra cidade, governada por Job, um homem bastante rico, e procura emprego. Ouve uma conversa entre dois anjos que afirmam que Deus e Satã tinham feito uma aposta na qual provariam se a fé de Job era verdadeira. Job perde a fortuna, os seus animais morrem, os seus dez filhos morrem e ele fica infetado com lepra, mantendo sempre a sua adoração por Deus. Caim questiona ainda mais a intenção de Deus mas dedica-se ao seu trabalho para conseguir comprar um jumento e sair da cidade. O plano de Caim realiza-se e este parte novamente na sua caminhada. Caim encontra um homem que, junto com a família, trabalha atarefado para construir uma arca gigante. Caim procura iniciar uma conversa com este homem, de nome Noé, mas é interrompido por Deus. Caim aproveita a ocasião para confessar a este o seu descontentamento com os castigos aplicados e realça a falha de cálculo na construção da arca. Deus admite a imprecisão nos cálculos e envia anjos para ajudarem Noé. Caim acaba por entrar na arca e a família de Noé decide sacrificar um animal em nome de Deus.
 A viagem começa e os problemas começam a aparecer. Primeiro, as mulheres queixavam-se por terem que limpar a sujeira dos animais sozinhas; segundo, havia o problema de que as mulheres só se deixavam engravidar por Caim; terceiro, todas as mulheres e os filhos de Noé fora mortos por Caim. Noé entrou assim em desespero e, ao descobrir que Caim tinha sido o culpado, suicida-se. Quando a viagem acaba, Deus chama por Noé mas apenas encontra os animais e Caim que lhe confessa o seu crime em nome das crianças inocentes que morreram em Sodoma. Ainda hoje os dois se contra-argumentam e discutem.

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

A Triologia de Nova Iorque


Obra: A Trilogia de Nova Iorque

Autor: Paul Auster

Páginas:294

Resumo:

Parte I: Cidade de Vidro

 A personagem principal desta obra chama-se Daniel Quinn, um escritor que publicava artigos sob o nome de William Wilson, o seu pseudónimo e que tinha criado uma personagem chamada Max Work e que era um detective. Certo dia Quinn recebe uma chamada de um homem que procurava um detetive chamado Paul Auster para resolver um assunto urgente. Por desconhecer tal pessoa, Quinn desliga mas os telefonemas não param. Acaba por atender uma segunda vez e decide dizer que é o próprio Paul Auster e marcam um encontro. Peter Stillman, o homem em questão, admite precisar que Quinn, sob o nome de Paul Auster, o ajudasse a vigiar o homem que ele pensa que o quer matar. Este homem é o pai de Peter que durante a infância o negligenciou e que agora tinha saído da prisão. Quinn decide aceitar o trabalho por não querer que outro filho morresse, tal como o seu filho tinha falecido enquanto jovem.
 No dia combinado Quinn vai ter com o suspeito ao comboio, vê-o sair e segue-o até à residência onde este se instalou. Começa a seguir o percurso do homem misterioso mas começa a aborrecer-se com a monotonia dos seus passeios. Num momento de visão, Quinn percebe que os caminhos diários do homem formavam letras que juntas davam "A torre de Babel", nome do livro que o suspeito tinha escrito e que Quinn tinha lido para aprender mais sobre ele. Certo dia, Quinn estava sozinho quando o suspeito se aproxima e começa uma conversa com ele onde se discutem temas metafísicos. O suspeito acaba por admitir que estava em Nova Iorque por esta estar de fragmentos e que o seu trabalho era dar nome aos fragmentos e criar uma nova ordem. No segundo encontro, Quinn menciona o livro do suspeito e discutem o ambiente filosófico que rodeia a personagem principal. No terceiro encontro, Quinn menciona o filho do homem misterioso e conversam sobre a paternidade. No dia seguinte, Quinn percebe que o suspeito já tinha saído do hotel e fica desesperado. Decide então visitar o único Paul Auster da cidade. Vai a casa dele e os dois conversam, tendo Quinn contado a sua história. Auster afirma não ser detetive mas sim escritor e os dois discutem D.Quixote. No dia seguinte, Quinn tenta contactar a esposa de Quinn mas não consegue e por isso vagueia pelas ruas. Passa dias e dias num beco escuro à espera do suspeito mas sem sucesso. Decide telefonar a Auster que o repreende por não atender as suas chamadas e descobre que o cheque que a esposa de Peter lhe tinha dado era careca e que o suspeito que procurava tinha-se suicidado dois meses e meio antes. Decide ir ao ser apartamento e percebe que os inquilinos já o tinham arrendado a outra pessoa. Quinn decide instalar-se num quarto humilde e aí dedica-se a escrever no seu caderno.
 A perspetiva muda e o narrador afirma não saber mais sobre Quinn já que o seu amigo Paul Auster não sabia mais da vida deste. Decide visitar o quarto de Quinn mas neste apenas encontra o seu caderno.

Parte II: Fantasmas
 Blue costumava trabalhar para Brown mas agora trabalha para si próprio. White pede a Blue que siga um homem chamado Black. Blue estranha o misticismo que rodeia o caso mas mesmo assim aceita e obedece a todas as ordens. Muda-se para um apartamento de fronte para o de Black para assim vigiar as ações deste pela janela. Blue começa a sentir-se insatisfeito pela monotonia da vida de Black e, para se entreter, começa a inventar histórias sobre Black e White e a rivalidade entre estes. Black decide variar a sua rotina durante o dia e visita uma biblioteca, acabando por ir almoçar a um restaurante. Blue segue cada passo seu e repara que uma mulher se senta na mesa de Black. Black aparenta ficar triste e a mulher chora. O casal sai do restaurante e Black regressa a casa, tendo Blue a segui-lo. A rotina torna-se novamente monótona. Blue decide então parar a vigília contínua a Black e permite-se ir ao cinema ou a um bar quando percebe que Black não iria sair de casa. Certo dia decide visitar a sua noiva e, ao descobri-la com outro homem, acaba por não a culpar por querer seguir a sua vida quando ele estava ocupado. Regressa ao seu quarto de hotel e começa a ficar intrigado com White procurando saber mais sobre ele. Ao não obter informações decide voltar a investigar Black e, para obter mais informações, mascara-se de mendigo. Quando Black ia a passar na rua, Blue pede-lhe uma esmola e este aceita. Black afirma ainda que o mendigo se parecia com Walt Whitman, explicando as ideias deste sobre o cérebro. Blue faz-se de ignorante e ouve a história. Black menciona vários outro escritores já falecidos ("fantasmas") e admite que o seu trabalho é compreender a vida dos escritores. Blue regressa ao seu quarto e, no dia seguinte, vai a um bar onde sabia que Black iria estar e os dois iniciam uma conversa. Blue adota outra das suas personagens, sendo desta vez um segurador e Black afirma ser um detetive privado. Blue aparenta não dar muita importante e os dois conversam sobre o trabalho. Black afirma estar a vigiar alguém naquele momento mas que o sujeito em si não fazia mais que escrever todo o dia. Os dois partem e, no dia seguinte, Blue usa o disfarce de um vendedor de escovas para entrar no apartamento de Black. Repara no livro que está sob a secretária e Black responde-lhe que é um livro que ele escreve há anos. Dias mais tarde Blue decide invadir o apartamento de Black e, ao ver os papéis sobre a secretária, percebe que eram os seus próprios relatórios semanais. Desiste da missão e desleixa-se na sua aparência. Certo dia decide arranjar-se bem e vai visitar Black ao seu apartamento. Ao chegar a este encontra a porta aberta. Decide entrar e vê Black com uma máscara e uma arma na mão a apontar para ele. Blue mostra-se confuso e Black explica que este tinha sido apenas uma personagem cujo propósito era lembrar Black do seu trabalho. Blue enche-se de ira e retira a arma de Black golpeando de tal maneira que o deixa desmaiado e possivelmente morto. Agarra nos seus relatórios, relê-os e parte sem se saber para onde.

Parte III: O Quarto Fechado
 O personagem principal recebe uma carta da esposa do seu ex-melhor-amigo afirmando que este tinha desaparecido. Os dois marcam um encontro onde a esposa lhe conta toda a história do casal e afirma que ele tinha desaparecido fazia algum tempo mas que apenas quando a altura de queimar os escritos dele é que ela pensou contactar o amigo. Este aceita por ter sido o último pedido do seu amigo que ele lesse  os manuscritos. O personagem procura manter sempre o contacto com Sophie, esposa do seu ex-melhor-amigo, acabando por jantar com ela criando assim um ambiente íntimo. O personagem decide ler os manuscritos do desaparecido e telefona a uma editora para os publicar. A editora afirma que o livro é diferente e por isso pode trazer problemas mas mesmo assim decide publicá-lo. No aniversário de 30 anos da personagem esta acaba por se envolver romanticamente com Sophie e desde esse dia passa a dormir em sua casa todas as noites. Certo dia, a personagem preparava-se para sair quando recebe uma carta do desaparecido onde este lhe diz para convencer Sophie a casar com ele já que ele era a pessoa mais certa para tomar conta dela. O desaparecido pede-lhe ainda que não conte sobre aquela carta a ninguém e que finja que ele está já morto. A personagem assim fez e casa-se com Sophie, adotando o filho bebé desta. Dias mais tarde, o diretor da editora encontra-se com a personagem e afirma que se criou um boato que dizia que o tal amigo misterioso da personagem era na verdade um pseudónimo seu. Para terminar com este boato, a personagem decide escrever uma biografia sobre este, relatando a história da amizade de ambos. Para completar a sua biografia, a personagem decide conversar com a mãe do desaparecido. Na primeira vez, com a presença de Sophie e do bebé, esta foi rude e não falou muito. Mais tarde, esta vai ter com a personagem e os dois falam sozinhos. Ela expressa toda a sua emoção e, após uma troca de bebidas, os dois acabam por se envolver sexualmente, acabando com o personagem a querer procurar o seu melhor-amigo para o matar. O personagem torna-se distante da mulher e dedica-se inteiramente a falar com conhecidos do desaparecido e a ler as suas cartas. A sua esposa, já destroçada com a distância, afirma que, para o casamento deles continua, ele precisava de enterrar o desaparecido. O personagem afirma que iria se esforçar mas que precisava de ir a Paris numa última viagem. Em Paris, conversa com todos os que conheciam o desaparecido e procura retirar informações. O personagem começa a duvidar do seu regresso para junto da família em Nova Iorque e, num dia em que fica embriagado, afirma que um homem era o seu velho melhor-amigo mas este na verdade era Peter Stillman, personagem da primeira parte. O personagem decide regressar para junto da esposa e do filho, estando um ano a tentar reconquistá-la. Certo dia recebe uma carta do desaparecido que marcava um encontro em Boston. Este aceita e os dois encontram-se mas sem se verem, tendo uma porta entre eles. O desaparecido explica-lhe que tinha estado seis anos a fugir, tendo escapado de Quinn, da primeira parte, e vivendo sob o nome da personagem do livro de Peter Stillman, Henry Dark. O desaparecido afirma ter tomado veneno e que, se alguém interferisse com a porta, ele daria um tiro em si mesmo por estar cansado de fugir. Por fim, o desaparecido dá um caderno ao personagem e este parte. Durante o caminho para casa, o personagem lê o caderno, repleto de frases confusas, e deita fora todas as páginas.

terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Madame Bovary

Obra:Madame Bovary

Autor: Gustave Flaubert

Páginas:322

Resumo:
 A obra começa quando Charles Bovary entra pela primeira vez na sua sala de aula. Os pais, devido a problemas financeiros, matricularam-no na escola mais tarde e ele, devido ao seu esforço, estava a conseguir saltar classes. O pai, um homem rude, tinha decidido alugar uma quinta, deixando a mulher a cuidar da casa e dos trabalhadores. No terceiro ano, os pais decidem enviá-lo para longe para estudar medicina. Após se conseguir formar com uma nota razoável, a mãe escolheu-lhe uma esposa. Ele aceita o casamento pensando que assim ia ser livre mas a esposa controla-o. Certa noite Charles recebe uma carta que o avisa que um lavrador tinha partido uma perna. Ele parte de madrugada e acaba por chegar perto do doente. O médico consegue curar o ferimento sem dificuldades e acaba por ficar encantado com a filha do paciente, visitando-o por isso com mais frequência. A esposa começou a suspeitar e por isso a filha do paciente obrigou Charles a prometer que não voltaria. Este assim fez até que a esposa acabou por falecer subitamente. O Tio Rouault, o paciente, visitou Charles para lhe pagar e aproveitou para o convidar para os visitar mais vezes. Este aceita e a tristeza criada pelo seu luto vai-se lentamente desvanecendo. Charles decidiu pedir a mão de Emma, a filha do Tio Rouault, em casamento. O pai ao inicio não gostou da ideia mas, ao saber da boa reputação do genro, aceita e o casamento fica combinado para quando o luto de Charles terminasse. O Tio Rouault decidiu fazer um casamento em grande, durando vários dias, e os noivos acabaram por partir para a nova casa. Após algumas semanas de casamento, Emma começou a arrepender-se de se ter casado com aquele homem que ela sentia que não a amava.
 Certo dia, um marquês convida o casal para um glamoroso baile e um Visconde acaba por convidar Emma para dançar. Após o baile, ela vai para casa com o marido, retomando à sua vida melancólica e recordando sempre o baile e o Visconde. Procura conhecer novas modas e notícias para ter o que falar num próximo baile mas este não chegou. Emma perde a motivação e o alinho, não cuidando da própria imagem e irritando-se facilmente com o marido. Acabam por mudar de casa para uma vila, por insistência de Emma. Na nova moradia, Emma passa duas horas a falar com um escriturário sobre o gosto de ambos pela leitura. Emma dá à luz uma menina a quem chama Berthe. Emma começa cada vez mais a encontrar-se com Léon, o escriturário e um sentimento intenso começou a tomar conta dos dois levando a que cada um esperasse uma demonstração de afeto do outro para se declarar. Léon decide ir para Paris acabar o seu curso de Direito para assim melhorar a sua vida. Emma entra novamente num desgosto até se dedicar à História e Filosofia. O marido e a sogra, por acharem que este interesse podia arruinar a saúde de Emma, retiraram-lhe os livros. Emma volta a cair num estado de melancolia e um boticário, ao ver a sua beleza, fica fascinado por ela, querendo retirá-la daquele tédio constante. Rodolphe, um homem bastante rico, aproveita um evento social para iniciar conversa com Emma e seduzi-la. Ela começa por o rejeitar e tentar manter distância mas acabou por sentir uma atração tão forte por ele que o visitava com frequência. Rodolphe avisou-a de que as visitas eram perigosas e por isso ambos tomavam cuidado para que ninguém os visse. Como o romance ia avançando, Emma sentia que Rodolphe já não lhe dizia coisas tão românticas nem a tratava tão bem e passou a ser mais seca e inconstante nos encontros. Emma começou a observar mais o marido e percebeu que este não era um mau esposo nem tinha um aspeto grotesco. Acabou, no entanto, por voltar a sentir repúdio por este e virou-se novamente para o seu amante, Rodolphe. Emma implora várias vezes ao amante que a leve embora dali para os dois poderem viver o seu amor mas o amante não cede e Emma começa a despreocupar-se com a sua postura na sociedade e torna-se rude. Rodolphe acaba por ceder e os dois marcam um encontro para assim partirem juntos. Emma fica radiante e atenciosa durante os dias antes da viagem mas é surpreendida quando, no dia combinado, Rodolphe lhe manda uma carta onde explica que o plano não pode ser executado por não ser prudente e por ele não se sentir bem a executá-lo. Após ler a carta, ela começa a ter desmaios frequentes e o marido passa mais de 40 dias ao lado dela, abandonando os pacientes.
 Os problemas financeiros começaram e o marido procurava ao máximo sustentar a casa. Felizmente, Emma começa a melhorar e torna-se caridosa, dedicando-se a ajudar os menos favorecidos. O casal é convidado a ir ao teatro e Emma acaba por conversar com o escriturário e combinando que no dia seguinte iriam ao teatro, já que o marido não estaria lá.
 Léon regressa e visita Emma. Ambos conversam sobre a relação que tinham tido e proclamam o amor um pelo outro. Léon apresenta a hipótese de ambos reviverem o romance mas Emma afirma ser demasiado velha para desperdiçar a vida de um jovem. Este não desiste e continua a insistir em passar tempo com Emma. Emma recebe a notícia da morte do seu sogro e vai para casa acudir o seu marido e a sua sogra que iria passar uns dias na casa para aliviar o seu luto. Para auxiliar o marido, Emma decide ir em lugar dele para uma viagem de negócios com Léon, passando três românticos e belos dias juntos. Quando regressam, Emma convenceu o marido a deixá-la ir uma vez por semana ter aulas de piano com uma senhora para assim poder estar com o seu amante. Emma começa a sentir-se demasiado à vontade na rua, não se preocupando com o que as pessoas pensavam e começa a controlar Léon para ter a certeza de que este não a estava a trair. 
 As dívidas das compras de Emma continuam a aumentar e os juros também, levando Emma a ser constantemente pressionada a pagar. Emma torna-se isolada e descarrega a raiva no marido, repudiando-o. Quando se preparavam para lhe penhorar os bens, ela vai pedir o dinheiro a Léon e este aceita ajudá-la mas acaba por não ter sucesso. Ela decide falar com um tabelião para tentar arranjar um empréstimo e este aceita em troca do amor dela, o que ela recusa. Decide ir a casa de Rodolphe, que tinha regressado e, após confessarem o amor um pelo outro, ela pede-lhe o dinheiro. Ele admite que não o tem e ela sai revoltada. Emma decide então ir ao laboratório do boticário e tomar um veneno para assim deixar de atormentar o marido. Ao chegar a casa, vomita e o marido chama vários especialistas para a salvar mas sem sucesso. Emma recebe a última bênção do padre e morre. Todos pedem a Charles o dinheiro que a esposa devia e a empregada foge com o guarda-roupa da patroa. Léon casa-se e todos deixam de visitar Charles enquanto este mergulha na miséria. Escreve um livro e dedica-se a questões morais e à filosofia. A mãe decidiu hipotecar os seus bens para pagar as despesas da nora. Charles acaba por falecer e Berthe vai viver com uma tia tão pobre que a obriga a trabalhar numa fábrica.

domingo, 10 de dezembro de 2017

As Intermitências da Morte


Obra:As intermitências da morte

Autor:José Saramago

Páginas:229

Nesta obra, Saramago oferece um cenário utópico no qual, de um dia para o outro, a morte abandona Portugal (animais e plantas continuam a morrer no entanto). Esta situação leva a diversas reações por parte de vários membros da população. O primeiro-ministro e um cardeal discutem as consequências que o acontecimento traria para a população e para a própria religião. Uma família encontra-se com um familiar bastante doente que pede para ser levado para a fronteira para provar que aí existe a morte que lhe pode conferir paz. Os familiares aceitam e ele morre junto com um neto. São enterrados numa sepultura em Espanha. Após este caso se ter tornado público começa a haver tráfico de doentes terminais para a fronteira a pedido das famílias. A organização responsável por este ato chamava-se máphia e muitos viam-no como um atentado contra a vida humana. O ministro do interior decide aumentar a vigia mas deixar que, de vez em quando, algumas famílias pudessem passar.
 A igreja decide aproveitar o momento para resgatar poder e afirma que um acontecimento era um milagre de Deus. Um filósofo e um aprendiz discutem as consequências desta falta de mortes; um economista também apresentou os problemas financeiros de pensões; os republicanos aproveitaram a situação para implantar uma República já que viviam numa monarquia e o rei nunca iria morrer. Um diretor televisivo recebe uma carta onde está escrito que, a partir da meia-noite, a morte regressaria (assinada pela própria morte). Fala com o Primeiro-Ministro que o aconselha a dar a conhecer à população o comunicado a partir das 21 horas para diminuir o pânico da população. Assim fizeram e o Primeiro-Ministro decide reunir-se com vários coveiros e ministros para discutir a questão da falta de caixões e do impacto psicológico que iria ter. O primeiro-ministro morre na reunião às 23:50.
 Vários jornais publicam a carta e a morte decide enviar cartas aos que tinham cometido erros na transcrição. A máphia, preocupada em fazer dinheiro, decide unir-se com agências funerárias para realizar assassinatos. A igreja aproveita a situação para ficar com o mérito do retorno da morte através das preces a que se dedicou. A morte decide começar a enviar cartas violeta a avisar as pessoas que só tinham uma semana de vida. Vários jornais a consideraram cruel por ser uma ação pouco ética e começaram a procurar em papelarias por pessoas que comprassem envelopes violeta. Um grafólogo estuda a letra da morte e um especialista na reconstituição de rostos a partir de caveiras tenta recriar o rosto da morte. Ambos chegam apenas à conclusão de que ela é uma mulher. A igreja e os psicólogos estavam atarefados com os pacientes que procuravam confessar os seus pensamentos.
 Uma das cartas volta para trás, o que deixa a morte curiosa. A pessoa e causa era um violoncelista de 50 anos e, sempre que a morte tentava enviar a carta, ela voltava para trás rapidamente. A morte decide ir a casa do violoncelista. Este está a dormir com um cão ao pé e a morte senta-se num canto a vê-lo dormir. O homem acorda e levanta-se para beber água com o cão. Não vendo a morte, volta a dormir e o cão senta-se no colo da morte. A morte volta ao seu quarto frio e procura o manual sobre mortes humanas. Ao perceber que tinha o poder de matar quem quisesse e de voltar a receber a carta do violoncelista, a morte decide alterar o ano de nascimento deste para assim ter tempo para o matar. A morte passa cada segundo a seguir o violoncelista, tendo que escrever as suas cartas à pressa. Vai assistir aos seus concertos, às conversas com os amigos e aos estudos da fauna que ele realizava.
 A morte decide vestir a pele de uma senhora que já tinha falecido e vai reservar a estadia num hotel, planeando encontrar-se pessoalmente com o violoncelista. Depois do concerto, ela vai ter aos bastidores. Os dois cruzam-se e conversam e o violoncelista acha-a uma mulher estranha e misteriosa, considerando-a até louca. Vão no mesmo táxi e ele, ao chegar a casa, recebe uma chamada da morte avisando que se iriam ver no sábado.  No sábado ela não aparece. No dia seguinte ele vai passear o cão e encontra-a no jardim. Ela vai-se rapidamente embora. Nesse dia à noite, ela vai a casa dele e pede-lhe para tocar algo para compensar pelo concerto que tinha perdido no sábado. Ele assim faz e, ao acabar, eles envolvem-se. Ele adormece e ela vai à cozinha onde queima a carta. Volta para a cama e adormece. "No dia seguinte ninguém morreu".