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terça-feira, 25 de julho de 2017

Madame Curie



Obra: Madame Curie

Autora: Eva Curie

Páginas:280

Resumo: Esta biografia da famosa cientista Marie Curie brilha, não só por descrever a história de uma mulher que mudou o mundo e sofreu por ele, mas também por ter sido escrita pela filha desta. É assim descrita a passagem de Marie Curie pela infância, com a experiência da escola e a morte de uma das irmãs e da mãe. É também apresentado o momento em que o pai desta, antes de esta se lançar numa carreira, a envia para um campo de férias onde esta entra numa vida de ócio, sentindo-se pouco intelectualmente estimulável.
 Após este ano, Maria e a sua irmã mais velha Brónia começam a dar frequentes aulas de explicações para assim angariarem dinheiro para cursarem a faculdade. Marie, ao perceber que este sistema não tinha os lucros pretendidos, oferece dinheiro à irmã para ir estudar em Paris e, mais tarde, iria ela. A sua irmã fica emocionada com o gesto e Marie passa a trabalhar numa casa de família, na qual não fica muito tempo por precisar de um salário maior. Maria encontra um emprego numa outra casa, bastante longe da sua família, onde acaba por se acostumar. Nesta casa, Marie dá aulas às duas filhas do casal e, mais à frente, começa a dar aulas aos filhos dos camponeses.
 No entanto, Marie acaba por entrar num estado depressivo profundo quando vê o casamento com um jovem por quem se apaixonou rejeitado pelos pais deste, que se agravou com as saudades da família e com a vontade de ajudar o pai que estava sozinho. Marie troca várias cartas com familiares e acaba por decidir que apenas passaria mais um ano na casa, regressando depois a casa do pai.
 Em Varsóvia, terra onde se encontrava a família, Maria entra pela primeira vez num laboratório, onde fica fascinada pelo ambiente. Para se libertar da vida monótona de professora que a esperava caso se estabelecesse em Varsóvia, Maria decide ir para Paris viver com a irmã até esta e o marido regressarem à Polónia.
 E, Paris, Maria sente-se livre e repleta de emoção por poder cursar a Faculdade de ciências da cidade. Maria envolve-se tanto no ambiente parisiense que decide assinar o seu nome na candidatura como Marie Sklodowska, adaptação à forma francesa do seu primeiro nome. Maria torna-se a melhor aluna no seu curso mas isola-se do resto dos companheiros cuja curiosidade por ela cresce. Este isolamento de Marie deve-se ao facto de esta se dedicar apenas aos seus estudos e à ciência, que a apaixonava cada vez mais. Marie sai da casa da sua irmã por precisar de uma maior privacidade e calma para continuar os seus estudos e vai viver para junto da universidade.
 Os anos de estudante foram, para Marie, os mais produtivos e recompensadores da sua vida. Apesar dos problemas financeiros que encontrava e que apenas foram resolvidos com uma bolsa de mérito, Marie tinha ainda de enfrentar as saudades do pai, do irmão de Varsóvia, que apenas via durante o verão mas estes problemas não eram suficientes para a distraírem do seu estudo intensivo. Marie, isolada pela paixão pela ciência e matemática, decide isolar-se do amor e não lhe passa sequer pela cabeça interessar-se por um homem. Este pensamento, no entanto, modificou quando Marie conhece Pierre Curie, um génio com mais de trinta anos, com uma educação liberal e uma forte obsessão pela ciência, tal como Marie. Os dois acabam por ficar curiosos um pelo outro, o que leva a que se aproximem cada vez mais.
 Marie recusa o pedido de casamento de Pierre, já que considera a união com um francês uma traição à Polónia. Pierre não cessa a ideia de se unir com aquela mulher tão fascinante e, depois de muito insistir, acaba por a convencer a visitá-lo em Paris. Após muito esforço, Pierre acaba por convencer Marie a casar-se com ele numa cerimónia bastante simples e fora do tradicional. O primeiro ano de casamento foi onírico, com longos passeios de bicicleta e várias horas de estudo partilhado. O segundo ano manteve os bons momentos do anterior mas foi um pouco perturbado pelo nascimento da primeira filha, Irene, pela fraca saúde de Marie, que se agravou após o parto e pela distância entre o casal que se teve que separar por motivos de trabalho.
 Devido às pequenas descobertas de um ilustre cientista, ao enorme interesse de Marie pelo urânio e à crescente curiosidade desta, Marie começa a realizar experiências num pequeno e húmido laboratório da faculdade de ciências. Após investigações, o casal acaba por descobrir o polónio e o rádio, que agora têm que tentar transformar em sólido para terem o resultado comprovado pelos demais cientistas. Depois de quatro longos anos, o casal consegue cumprir a missão, apesar das dificuldades, e o rádio passa a ser aceite. Ao contrário do esperado, a vida do casal acaba por encontrar ainda mais obstáculos. O pai de Marie faleceu, o casal não tinha encontrado os empregos que pretendiam para conseguir suportar todas as dívidas, o sobrinho mais novo de Marie faleceu de pneumonia e a saúde de Pierre agravou.
 O casal não desistiu da investigação e acaba por inventar e descobrir uma palavra marcante- a radioatividade. Após esta descoberta, o mundo abriu-se para as suas descobertas e o rádio tornou-se uma forma de curar várias doenças, ganhando até um lugar na tabela periódica. Os problemas económicos foram diminuindo e a abundância surgiu. No entanto, o casal mantinha os mesmos empregos simples e a vida que sempre tiveram, estando dispostos a ajudar os que precisavam. O Prémio Nobel da Física é-lhes atribuído mas a fama é desprezada pelo casal cujo tempo e princípios não lhes permitem assumir o papel de "celebridades".
 Marie Curie acaba por dar à luz novamente e Eva Curie é apresentada ao mundo, vindo mais tarde a escrever esta obra. O nascimento da filha dá mais motivação ao casal, que se preparava para desistir das experiências e prontificam-se a receber o Prémio Nobel na Suiça, onde Pierre acaba para alertar para os possíveis perigos do rádio. Pierre viria a morrer mais tarde num acidente de carroça, o que leva ao fim da paz e felicidade que reinavam na casa. Marie entra numa melancolia mas disponibiliza-se a ocupar o lugar do marido, já que o casal tinha concordado em continuar o trabalho caso um deles falecesse. Pela primeira vez na França, uma mulher ocupou um cargo no ensino superior, o que realçou a importância histórica de Marie Curie. Marie queima as roupas ensanguentadas do marido, por não querer que ninguém as tocasse e tenta entrar numa vida o mais comum possível. A sua primeira lição na universidade foi invadida por jornalistas que queriam presenciar o momento em que a viúva apareceria à rua pela primeira vez após o acidente mas esta mantêm uma voz controlada e consegue dar a aula de forma normal.
 Esta ilusão de estabilidade acaba por encontrar o seu fim quando Marie Curie passa a ser alvo de ataques na imprensa, por parte de conservadores, por ser uma mulher estrangeira. Marie Curie recebe ameaças de morte e gera-se um clima de perigo à volta dela e da família que a leva a entrar numa depressão e a agravar a saúde. Marie decide visitar Varsóvia para inaugurar o Pavilhão da Radioatividade e sente-se acolhida pela terra. A sua saúde melhora e Marie recebe vários pedidos para inaugurar estabelecimentos dedicados ao rádio, coisa que ela se prontifica a fazer.
 Para perturbar a paz, é iniciada a Primeira Guerra Mundial. Marie foca-se assim em servir a França, ensinamento que transmite à sua filha mais velha, Irene. Marie torna mais disponível o uso do raio-X para o tratamento dos doentes e faz visitas recorrentes aos hospitais militares com a sua filha Irene para auxiliar os doentes. Com o fim da guerra, Marie dedica-se novamente aos seus estudos e ao futuro das suas filhas, agora adultas. A família instala-se numa casa junto ao mar, sossegada, onde Marie passa os dias a nadar e em pequenos bailes da aldeia com as filhas, sentindo-se genuinamente feliz e cansada.
 Nos Estados Unidos da América, Marie encontra um forte apoio e incentivo das mulheres feministas que invadiam o mundo com as suas ideias liberais. Na América, Marie teve a honra de conhecer o Presidente na Casa Branca e recebeu um pouco de rádio como presente. Passeou com as filhas pelo país, apesar do forte cansaço típico da sua idade. Marie viaja pelo mundo, recebendo prémios e festas em sua honra, sempre acompanhada pelas filhas, mas mostra um desinteresse único pelas celebrações que lhes são feitas. Nos seus institutos, Marie aceita uma diversidade cultural, sendo a diversidade um dos princípios que ela procurava ensinar.
Marie Curie, envelhecida, sente os sinais da idade com a perda quase total da visão, que a impede de ver claramente as experiências dos estudiosos do seu instituto. Marie conta com a ajuda da filha mais nova, Eva, principalmente quando Irene descobre que tem uma doença grave. Marie não volta a encontrar a saúde, principalmente quando lhe é diagnosticada a mesma doença que assassinou o seu pai e que a leva a ficar acamada e aos cuidados ainda mais necessários de Eva. Marie acaba por falecer em 1934

, após dias de angústia e sofrimento e, ainda nos nossos dias, se acredita que tenha sido uma das vítimas da exposição intensiva à radioatividade.

quinta-feira, 6 de julho de 2017

O Diabo


Conto: O Diabo

Autor: Lev Tolstói

Páginas: 50

Resumo: Este ilustre conto relata a vida de Evguéni Irténev, um advogado com uma carreira brilhante e com uma família abastada, que se vê obrigado a viver no campo após a morte do pai. Evguéni tem como missão manter a herança da família e gerir a herdade como o pai e o avô tinham feito. Evguéni caracteriza-se como sendo um homem simples e honesto, com 26 anos, que valoriza bastante a tradição. No entanto, Evguéni sente uma pressão por arranjar uma mulher e acaba por se envolver várias vezes com uma camponesa casada chamada Stepanida. Esta relação servia apenas para satisfazer desejos físicos e para Stepanida se enaltecer com os ciúmes que as outras mulheres tinham dela. Eguéni acaba por se apaixonar por Lisa Ánneskaia e pede-a em casamento, prometendo esquecer-se de Stepanida. O primeiro ano de casamento foi turbulento já que as dívidas na herdade aumentavam, Lisa sofreu um aborto e Stepanida apareceu grávida (mas supôs-se que era do marido dela). No fim do primeiro ano, a situação económica melhorou e Lisa ficou novamente grávida.
 A este ponto, Evguéni não se lembrava mais da amante passada, até ter a surpresa de a ver a trabalhar na sua casa, contratada pela mulher para ajudar nas limpezas. Evguéni sente o desejo antigo a acender-se novamente e várias vezes marca encontros com Stepanida, encontrando sempre maneiras de não ir, para sua salvação. Todos na casa perceberam a mudança em Evguéni que se tornou mais isolado e distraído e este desabafa com o tio, com quem não tinha muita confiança, que o aconselha a ir para a Crimeira. Evguéni aceita o convite e vai com a mulher, onde tiveram uma boa estadia. Lisa dá à luz uma menina e Evguéni é eleito presidente da aldeia mas continuava perdido de paixão por Stepanida. Evguéni pondera viver duas vidas separadas: uma devotada a Stepanida, o seu grande amor e outra dedicada à filha, com a presença insignificante da esposa. No entanto, percebe que não pode viver assim e que teria que matar uma das duas.
 Existem dois finais para este conto. Num deles, Evguéni mata-se e os médicos consideram que ele tinha um problema mentar. Noutro, Evguéni percebe que não tem balas na arma e decide ir dar uma volta para clarear as ideias, acabando por assassinar Stepanida, que o seduzia com o olhar. Neste segundo final, Evguéni é hospitalizado por ser considerado demente e torna-se num alcoólico. Ambos os finais terminam com a frase: "Efetivamente, se Evguéni Irténev era doente mental, então todas as pessoas são doentes mentais, e, entre esses dementes, os mais incontestáveis são os que vêem os sinais de loucura nos outros e não reparam em si próprios".