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sábado, 31 de agosto de 2019

O Banquete

Obra: O Banquete
Autor: Platão


Falando do autor, Platão nasceu numa família de boa linhagem e estava destinado à política até que os acontecimentos anárquicos de Atenas, o período de tirania e a morte de Sócrates o fizeram refletir sobre alguns valores e formas de governo
Esta obra, cujo tema é o amor, tem como local da ação, uma festa na casa do poeta Agatão. Certo dia Gláucon questiona Apolodoro sobre se este tinha estado no banquete organizado por Agatão. Apolodoro responde que não e começa a contar o que se tinha passado no banquete, que lhe tinha sido contado por Aristodemo.
 Sócrates preparava-se para ir ter com Agatão e convida Aristodemo para ir com ele. Vão para o banquete e Sócrates fecha-se no vestíbulo a pensar em algo. Chega mais tarde e começa o banquete. Erixímaco propõe falar sobre Eros, que nunca tinha sido louvado à sua medida. Começa por falar Fedro. Fedro procura provar que Eros era o deus mais antigo. Eros é também importante já que, para um jovem, não há nada melhor que um amante. Por isso, Eros proporciona virtude e felicidade aos homens na vida e na morte, já que o amor faz os homens serem justos e lutarem pelos seus amores.
 Segue-se o discurso de Pausânias, que procura provar que, tal como acontece com Afrodite, há um Eros mais antigo e um mais recente. Procura explicar que, tal como tudo, o amor não é bom em si, é bom se for bem operado. O Eros mais recente ama mais os corpos que as almas, procurando apenas satisfazer-se, não se preocupando com o bem ou mal. O Eros mais antigo não participa no princípio fêmea, apenas no macho, sendo o amor dos rapazes. Os que são inspirados por este Eros voltam-se para um carácter forte e espiritual. Estes têm interesse em passar a vida com os seus amores. Em países bárbaros, por terem tiranias, é desprezado este amor por não ser útil aos tiranos. No entanto, em Atenas, os pais impedem os filhos de se encontrarem com os amantes, como se fosse algo vergonhoso. Repudia o ceder por dinheiro ou poder político.
 Devia ter seguido Aristófanes mas este teve um ataque de soluços e Erixímaco substituiu-o. Era médico e vai provar como, no corpo, se encontra essa duplicidade de Eros. Na parte sã e na parte doente há amores diferentes. É preciso ceder ao bom e resistir ao mau. Deve levar amor a onde não o há e retirá-lo onde está a mais. Deve fazer as partes do corpo inimigas entre si amarem-se (frio, calor, seco e húmido). Na música, o grave e o agudo também se harmonizam apesar de opostos. Na medicina e na música temos que preservar os dois Eros pois estes podem trazer harmonia se equilibrados.
 Segue-se Aristófanes que defende que Eros é o deus mais filantropo. Começa por falar sobre a natureza humana. Originalmente havia três géneros: o masculino, o feminino e um terceiro, composto dos outros dois, o andrógino. Depois os humanos passaram a a ter 4 mãos, 4 pés e 2 cabeças. O macho era filho do sol, a fêmea era extraída da Terra e o terceiro era filho da Lua. Tinham forma esférica, força e vigor. Tentaram atacar os deuses. Os deuses não os podiam destruir porque precisavam do culto. Então Zeus pede a Apolo para os dividir em dois para assim diminuir a sua força e poder. O umbigo é a marca da separação. As metades andavam solitárias e Zeus, com pena, moveu os genitais para a frente para poderem reproduzir-se entre si. Assim, o amor procura restituir a natureza humana ferida. As mulheres puras procuram as mulheres e os homens, os homens.
 Segue Agatão que começa a explicar que Eros era o deus mais feliz e o mais belo. Discorda de Fedro e afirma que Eros não era o deus mais velho mas sim o mais novo e que as ações conotadas ao Eros antigo são obras do destino. É o mais terno, habitando apenas nas almas mais macias. É belo por viver entre as flores. Eros não age com violência nem a aceita. É o prazer mais forte. É o mais corajoso. Eros é poesia e qualquer que seja tocado por Eros torna-se poeta. Eros permite o convívio pacífico entre homens.
 Segue Socrates que prova que Eros é o amor a algo. Prova que apenas se pode desejar algo que já se tem se for para o continuar a ter no futuro. Ama-se, no presente, aquilo que nos falta e, por isso, Eros ama a beleza, já que não a tem. Passa a provar que, se Eros não é bom nem belo, não é um deus mas sim um demónio, uma divindade menor. Eros é filho da Miséria e de Poros e é o companheiro e servidor de Afrodite por se ter apaixonado pela beleza desta. Não é por isso belo nem terno. Procura o ser bom e belo mas nunca alcança. O Amor quer que o bem lhe aconteça sempre e por isso tem como objetivo a imortalidade. Procura procriar na beleza. Procriar é a forma de alcançar a imortalidade. Procuram procriar com corpos e almas belas para haver um aperfeiçoamento da raça, tornando-se melhores e mais resistentes à morte. Quando alguém se apaixona, passa a ver a beleza também nos costumes e nas leis. É por isso importante incentivar os amantes a estarem juntos para assim amarem mais a virtude.
 Chega Alcibíades, bêbedo e aos berros à procura de Agatão. Coroa Agatão e, ao ver Sócrates, coroa-o também. Elogios entre Alcibíades e Sócrates. Por insistência de Alcibíades, todos bebem. Erixímaco pede a Alcibíades que faça também um discurso a Eros mas este afirma que Sócrates iria ficar ciumento e faz antes um elogio a Sócrates. Compara Sócrates a um sátiro pela aparência, pela violência e porque os seus discursos se assemelham às flautas dos sátiros. Não se preocupa com a beleza nem riqueza das pessoas. Começa a contar episódios que passou com Sócrates.
 Chegaram mais convidados e beberam até adormecer. Enquanto todos dormem, Sócrates vai embora com Aristodemo, que tinha dormido um pouco.