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domingo, 10 de dezembro de 2017

As Intermitências da Morte


Obra:As intermitências da morte

Autor:José Saramago

Páginas:229

Nesta obra, Saramago oferece um cenário utópico no qual, de um dia para o outro, a morte abandona Portugal (animais e plantas continuam a morrer no entanto). Esta situação leva a diversas reações por parte de vários membros da população. O primeiro-ministro e um cardeal discutem as consequências que o acontecimento traria para a população e para a própria religião. Uma família encontra-se com um familiar bastante doente que pede para ser levado para a fronteira para provar que aí existe a morte que lhe pode conferir paz. Os familiares aceitam e ele morre junto com um neto. São enterrados numa sepultura em Espanha. Após este caso se ter tornado público começa a haver tráfico de doentes terminais para a fronteira a pedido das famílias. A organização responsável por este ato chamava-se máphia e muitos viam-no como um atentado contra a vida humana. O ministro do interior decide aumentar a vigia mas deixar que, de vez em quando, algumas famílias pudessem passar.
 A igreja decide aproveitar o momento para resgatar poder e afirma que um acontecimento era um milagre de Deus. Um filósofo e um aprendiz discutem as consequências desta falta de mortes; um economista também apresentou os problemas financeiros de pensões; os republicanos aproveitaram a situação para implantar uma República já que viviam numa monarquia e o rei nunca iria morrer. Um diretor televisivo recebe uma carta onde está escrito que, a partir da meia-noite, a morte regressaria (assinada pela própria morte). Fala com o Primeiro-Ministro que o aconselha a dar a conhecer à população o comunicado a partir das 21 horas para diminuir o pânico da população. Assim fizeram e o Primeiro-Ministro decide reunir-se com vários coveiros e ministros para discutir a questão da falta de caixões e do impacto psicológico que iria ter. O primeiro-ministro morre na reunião às 23:50.
 Vários jornais publicam a carta e a morte decide enviar cartas aos que tinham cometido erros na transcrição. A máphia, preocupada em fazer dinheiro, decide unir-se com agências funerárias para realizar assassinatos. A igreja aproveita a situação para ficar com o mérito do retorno da morte através das preces a que se dedicou. A morte decide começar a enviar cartas violeta a avisar as pessoas que só tinham uma semana de vida. Vários jornais a consideraram cruel por ser uma ação pouco ética e começaram a procurar em papelarias por pessoas que comprassem envelopes violeta. Um grafólogo estuda a letra da morte e um especialista na reconstituição de rostos a partir de caveiras tenta recriar o rosto da morte. Ambos chegam apenas à conclusão de que ela é uma mulher. A igreja e os psicólogos estavam atarefados com os pacientes que procuravam confessar os seus pensamentos.
 Uma das cartas volta para trás, o que deixa a morte curiosa. A pessoa e causa era um violoncelista de 50 anos e, sempre que a morte tentava enviar a carta, ela voltava para trás rapidamente. A morte decide ir a casa do violoncelista. Este está a dormir com um cão ao pé e a morte senta-se num canto a vê-lo dormir. O homem acorda e levanta-se para beber água com o cão. Não vendo a morte, volta a dormir e o cão senta-se no colo da morte. A morte volta ao seu quarto frio e procura o manual sobre mortes humanas. Ao perceber que tinha o poder de matar quem quisesse e de voltar a receber a carta do violoncelista, a morte decide alterar o ano de nascimento deste para assim ter tempo para o matar. A morte passa cada segundo a seguir o violoncelista, tendo que escrever as suas cartas à pressa. Vai assistir aos seus concertos, às conversas com os amigos e aos estudos da fauna que ele realizava.
 A morte decide vestir a pele de uma senhora que já tinha falecido e vai reservar a estadia num hotel, planeando encontrar-se pessoalmente com o violoncelista. Depois do concerto, ela vai ter aos bastidores. Os dois cruzam-se e conversam e o violoncelista acha-a uma mulher estranha e misteriosa, considerando-a até louca. Vão no mesmo táxi e ele, ao chegar a casa, recebe uma chamada da morte avisando que se iriam ver no sábado.  No sábado ela não aparece. No dia seguinte ele vai passear o cão e encontra-a no jardim. Ela vai-se rapidamente embora. Nesse dia à noite, ela vai a casa dele e pede-lhe para tocar algo para compensar pelo concerto que tinha perdido no sábado. Ele assim faz e, ao acabar, eles envolvem-se. Ele adormece e ela vai à cozinha onde queima a carta. Volta para a cama e adormece. "No dia seguinte ninguém morreu".

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