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quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Satyricon



Obra: Satyricon

Autor: Petrónio

Páginas:248

Resumo:
A obra é iniciada com a apresentação das duas personagens principais que vão acompanhar a obra: Encólpio e Gíton, dois adolescentes belos que são amantes e partilham a sua relação, num triângulo amoroso, com Ascilto. Encólpio abre a obra com um discurso sobre os males do sistema educativo para conseguir impressionar o mestre-escola. Quando o seu mestre, Agamémnon, começa a responder ao seu discurso, Encólpio repara que Ascilto tinha desaparecido e pensa que este tinha ido ter com Gíton, Aproveita uma distração para sair mas perde-se. Vê uma velhota a vender hortaliças e pede-lhe ajuda. A velhota leva-o a um bordel e Encólpio, com a vergonha, cobre a cabeça e foge. Encontra Ascilto ofegante que lhe conta que andou perdido até encontrar um pai de família que o levou para o mesmo bordel, do qual ele também tinha fugido.
 Mais tarde, os dois passam pelo fórum e começam a vender uma túnica roubada. Encontram o vendedor a quem tinham roubado a túnica e que vendia a túnica deles, onde tinham escondido moedas de ouro. A mulher do vendedor vê a túnica dos jovens e acusa-os de serem ladrões. Os jovens decidem responder e acusam-nos de terem roubado a túnica deles. Os corretores, ao verem que a túnica que os jovens reclamavam era de qualidade muito inferior à do vendedor, riram-se e resolveram o assunto trocando as túnicas. Os dois recuperam o tesouro e vão para a locanda, rindo-se dos corretores e dos comerciantes.
 Uma mulher bate à porta da locanda, afirmando ser serva de Quartila, a quem os jovens tinham perturbado os rituais sagrados. Quartila entra mais tarde a chorar e lamenta a injúria que os jovens tinham cometido. Estes, com pena, dispuseram-se a ajudá-la nos rituais para curar a sua febre. Apesar de desconfiarem da falsidade de todo o ambiente, procuraram ver até onde ía. Quartila leva os dois jovens para o templo onde estes observam cenas de orgias, sendo obrigados a participar. Três dias depois, os três jovens conseguem escapar.
 Os jovens estavam a discutir com o mestre de retórica quando chegou um escravo a anunciar um jantar na asa de Trimalquião, um homem extremamente rico. Os três jovens e Agamémnon chegam a casa de Trimalquião e vêem-no a ter atitudes de riqueza e arrogância extremas. Chega a hora de jantar e Trimalquião aparece vestido de forma imponente. Encólpio começa a questionar o homem que estava ao seu lado na mesa e este conta-lhe toda a história do ex-escravo. Durante o jantar existiram vários pratos bastante elaborados e Trimalquião tinha sempre uma atitude rude, dizendo várias asneiras durante o jantar. No fim do jantar, quando todos se dirigiam aos balneários, os três jovens tentaram sair da casa mas um cão raivoso barrou-lhes a entrada, Ascilto deu-lhe as sobras do jantar para não serem atacados e pedem explicações ao responsável pelo átrio. Este explica que os convidados entram sempre por uma porta e saem por outra, Os jovens regressam ao banquete. Há uma grande marcha musical e um dos escravos emite um barulho tão forte que os bombeiros pensaram que a casa estava a arder e arrombaram a porta. Os três jovens aproveitam este momento para fugirem. Andam perdidos durante uma hora mas conseguiram chegar à locanda graças a Gíton, que tinha marcado as pedras do caminho com giz.
 Ascilto retira Gíton de junto de Encólpio durante a noite e dorme com ele. Encólpio acorda e, ao perceber o que tinha acontecido, expulsa Ascilto da locanda. Ascilto parte e leva consigo Gíton e Encólpio pensa em matar os dois. Um soldado, no entanto, impede-o.
 Encólpio estava a passear quando encontra um velho, Eumolpo, que contou a história do jovem com quem tinha relações em casa dele, sob a desculpa de ser seu professor. Encólpio ficou tão fascinado com Eumolpo que lhe perguntou qual a história por trás de cada um dos quadros que observava. Eumolpo explica uma obra através de versos e recebe pedradas de quem o ouvia. Cobre a cabeça e vai embora. Encólpio segue-o e encontra Gíton, que lhe suplica por perdão. Este perdoa-o e os três jantam na locanda. Encólpio sente ciúmes de Eumolpo com Gíton e tenta suicidar-se mas é impedido. Eumolpo repara que Ascilto daria uma grande recompensa a quem encontrasse Gíton e, para se vingar de Encólpio, que o tinha trancado na rua, invadiu o quarto para resgatar Gíton e ganhar a recompensa mas Gíton é gentil com ele, convencendo-o a cobrir o seu amor. Os três preparam-se para sair da locanda e entram para um barco para onde Eumolpo os levou. Encólpio estava quase a adormecer no navio quando ouve uma voz familiar. Era a voz de Licas, de quem eles estavam a dormir. Os dois jovens contam a razão de estarem a fugir e Eumolpo prontifica-se a ajudá-los na fuga. Eumolpo tem a ideia de lhes rapar o cabelo e escrever-lhes na face para parecerem fugitivos mas um passageiro do barco vê-os e denuncia a Licas, afirmando ser mau presságio. Eumolpo explica a Licas que aqueles eram seus criados e Licas condena-os a 40 chicotadas. Gíton, mal recebeu a primeira, começou a suplicar para pararem, Foi reconhecido pela voz e começa uma forte discussão. Eumolpo defende os jovens e acabam por fazer as pazes.
 Organizaram um jantar, onde Eumolpo conta a história de um soldado que se apaixona por uma viúva. Começa uma forte tempestade e o navio acaba por naufragar. Uns pescadores correm ao seu auxílio. Os três chegam a terra e, ao verem o corpo de Licas a flutuar sem vida, refletem sobre a brevidade da vida.
 Depois de muito deambularem chegam a Crotona. Um camponês explica que naquela cidade apenas existem dois tipos de pessoas: os que caçam e os que são caçados. Valorizam apenas os ricos sem descendência. O camponês compromete-se a criar uma farsa que os tornasse sem pessoas ricas. Eumolpo representou um homem extremamente rico e Encólpio e Gíton eram os seus escravos. Eumolpo teria perdido um filho e todas as moedas que tinha num naufrágio.
 Caçadores de herança, ao ouvirem a história de Eumolpo, viraram toda a atenção para ele, oferecendo-lhe serviços. Encólpio muda o nome para Polieno. Uma escrava de Circe, mulher rica, visita Polieno para confessar que a sua senhora apenas se atraía por escravos. Os dois preparavam-se para ter relações mas Encólpio teve impotência sexual. Circe ordena a Encólpio que se afastasse de Gíton por uns tempos para curar o seu mal e assim retomarem o ato amorosa. Encólpio assim fez mas, na segunda tentativa, voltou a acontecer o mesmo. Encólpio tenta ter relações com Gíton mas não consegue. Visita Enótea, sacerdotisa de Priapo, que lhe ordena que selecionasse grãos. Três gansos aproximaram-se e cercaram-no. Encólpio mata um e afasta os outros. Quando Enótea chega, ele conta-lhe o sucedido. Esta começa em pranto a maldizer a ação, dramatizando a situação. Encólpio oferece duas moedas de ouro e a ofensa é perdoada. Enótea cozinha o ganso com a desculpa de se estar a desfazer das provas do crime. Encólpio consegue fugir.
 Os caçadores de heranças já estavam a desconfiar da riqueza de Eumolpo já que nenhum barco tinha vindo da África. Eumolpo afirma que no seu testamento tinha escrito que ficaria com a sua fortuna quem comesse partes do seu corpo em públicos. Os caçadores de heranças mostraram-se interessados.
 Vale destacar que esta obra tem duas particularidades importantes de realçar: primeiramente, a obra encontra-se fragmentada, apresentado várias partes que foram destruídas; em segundo lugar, a obra apresenta uma crítica aos principais representantes morais da sociedade, numa época em que estes, em vez de serem um exemplo de boas ações, usavam o seu poder para benefício próprio.